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30/05/2025
Seminário do Instituto Ayrton Senna reúne especialistas para discutir rumos da alfabetização e leitura no Brasil
Seminário do Instituto Ayrton Senna reúne especialistas para discutir rumos da alfabetização e leitura no Brasil
Seminário do Instituto Ayrton Senna reúne especialistas para discutir rumos da alfabetização e leitura no Brasil.
O Instituto Ayrton Senna realizou, nesta quarta-feira (28), o Seminário “Alfabetização 360°: Políticas e Práticas para uma Alfabetização Integral”, em São Paulo. O principal objetivo do evento foi discutir os caminhos para garantir a alfabetização e leitura de qualidade de todas as crianças brasileiras. O encontro foi gratuito, disponibilizou recursos de acessibilidade aos participantes e contou com apoio do Ministério da Cultura. A iniciativa teve patrocínio do Guaraná Antarctica e da Start by Alura via lei de incentivo à cultura, além de parceria com o CIEE Unesco e Companhia das Letras. O seminário contou mais de 8 mil inscritos, o que demonstra a importância da agenda da educação no Brasil. Entre os presentes, estiveram secretários de Educação de todo o país, além de pesquisadores, representantes de organizações sociais e autoridades públicas.

Garantir uma alfabetização de qualidade deve ser pauta fundamental para o desenvolvimento do país. No Brasil, 44% das crianças da rede pública não estão alfabetizadas na idade certa (MEC, 2023), 68% dos jovens concluem o Ensino Médio sem aprendizagem adequada em Língua Portuguesa e 95% enfrentam defasagens em Matemática (Saeb/MEC, 2023). Diante deste cenário, garantir o direito de aprender dos estudantes, desde os primeiros anos escolares, tornou-se urgente. Esses números deixam evidentes os desafios estruturais que o Brasil precisa superar para romper com ciclos históricos de desigualdade e construir um futuro com mais equidade e oportunidades para todos.

“Não podemos tolerar esses indicadores. As crianças são como pilotos, que nascem com um potencial, mas que precisam de um carro potente para chegar em primeiro lugar. Essa é a missão do Instituto Ayrton Senna. Com o apoio das secretarias de educação e das escolas, formulamos soluções de aprendizagem, por meio de políticas públicas. Apenas com esse trabalho conjunto poderemos ajudar as crianças a cruzarem suas próprias linhas de chegada”, afirmou Ewerton Fulini, vice-presidente do Instituto Ayrton Senna, sobre o propósito do seminário e a contribuição do Instituto para a alfabetização integral no país.

Ao longo do evento, foram debatidos temas como neurociência e alfabetização, avaliações educacionais, formação de professores alfabetizadores, incentivo à leitura, o uso de dados e inteligência artificial na gestão do processo de alfabetização, estratégias bem-sucedidas adotadas por redes públicas de ensino e as relações da cultura com o letramento dos estudantes. Durante a programação, também foram realizadas intervenções artísticas, que por meio de diversas linguagens artísticas, convidaram o público a refletir sobre a importância da alfabetização e da leitura para o presente e o futuro.

A iniciativa está alinhada aos objetivos do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada e reforça o papel do Instituto Ayrton Senna como agente articulador de soluções educacionais voltadas a garantir o aprendizado com qualidade para todos, desde os primeiros anos da vida escolar.

Os desafios da alfabetização no país

Entre os destaques da programação estiveram as falas de João Paulo Mendes, coordenador-geral de alfabetização da Diretoria de Políticas e Diretrizes da Educação Integral Básica do Ministério da Educação (MEC), que apresentou as diretrizes e avanços do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada no painel “Políticas de Alfabetização hoje no Brasil”. “Nosso foco é nas crianças, especialmente as que estão em regiões mais distantes, sem acesso à leitura e literatura. Para isso, o primeiro grande princípio é a colaboração. O programa Criança Alfabetizada precisa caminhar junto com os municípios, pois são eles que implementam as políticas no dia a dia”, disse Mendes.

Com mediação de Beatriz Alquéres, Gerente-Executiva de Advocacy do Instituto Ayrton Senna, também estiveram presentes np painel Fátima Gavioli, Secretária de Educação de Goiás, Junio Mar, Secretário de Educação de Manaus (AM), Lia Sousa, responsável pela política de alfabetização no Piauí, e Washington Bandeira, Secretário de Educação do Piauí. “Nós começamos nossa caminhada com o Instituto Ayrton Senna em 2014, quando havia mais de 17 mil estudantes não alfabetizados. Durante essa parceria, reduzimos de 26,5% para 17,9% a distorção de idade-série. Além disso, somos a rede de educação que mais cresceu no IDEB no Amazonas, saindo da 13ª colocação nos anos iniciais do Fundamental. Mas não estamos falando de números, estamos humanizando o processo de alfabetização com exemplos reais”, afirmou Mar, gestor da capital amazonense.

O que é essencial na alfabetização?

Especialistas e educadores também discutiram quais são os elementos que contribuem com uma alfabetização eficiente, como a ciência da leitura, a atenção à matemática e a integração com competências socioemocionais. O painel sobre o tema contou com a participação de Katia Smole, diretora executiva do Instituto Reúna, Ana Zuanazzi, gerente de pesquisa do Instituto Ayrton Senna e Cintia Anzoni, da Rede Nacional Ciência para a Educação (Rede CpE). Em relação a implementação de políticas de alfabetização de sucesso, Smole fez um alerta: “Não há alfabetização 360º sem que se inclua a matemática. Sabemos que quanto mais cedo a matemática for trabalhada na infância, há mais chances de ter sucesso na alfabetização da língua materna. Hoje, negar a educação financeira é negar a capacidade de compreender, comunicar e utilizar conceitos matemáticos em situações do cotidiano, na escola e fora dela”.

A especialista também destacou que há especificidades e desafios em cada região do país. Um exemplo é o município de Licínio de Almeida, Bahia, parceiro do Instituto Ayrton Senna, que conquistou o primeiro lugar do Ideb na Bahia para os anos iniciais do Ensino Fundamental. "Recebemos a parceria com o Instituto Ayrton Senna em 2009. Desde então, temos investido na formação de lideranças. Com esse apoio, conseguimos fazer os decisores públicos entenderem o que de fato pode ser feito. É possível transformar a educação quando se tem amor, vontade, compromisso e planejamento unificado da rede, definindo objetivos com base na particularidade”, declarou Teles. O painel foi mediado por Inês Kisil Miskalo, diretora de educação do Instituto Ayrton Senna.

Como avaliar a alfabetização?

A avaliação, também fundamental para a alfabetização avançar, foi tema de um painel com participação de Ernesto Faria, fundador do Cocriadores do QEdu, Renato Feder, secretário de Educação de São Paulo e Márcia Bernardes, coordenadora estadual do Programa de Alfabetização do Estado de SP. A mediação foi de Maria Helena Guimarães de Castro, titular da Cátedra Instituto Ayrton Senna de Inovação Educacional na USP Ribeirão Preto.

“O cenário geral das avaliações em alfabetização é bem desafiador. Em leitura, o desempenho de 25% dos brasileiros é menor que o de 95% dos estudantes de outros 42 países. Para além da comparação com o cenário internacional, qualquer criança deve ter acesso à educação de qualidade para ter sucesso na vida e no âmbito profissional. Buscar uma ‘barra alta’ para os alunos da rede pública não é só uma questão de competição, é para garantir direitos”, defendeu Faria.

Também participaram do painel Lina Katia, diretora executiva do CAEd, Roberta Biondi, presidente do Laboratório de Estudos e Pesquisa em Educação e Economia Social (Lepes), e Josiane Toledo, supervisora de correção de instrumentos de Avaliação no CAED da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Formação de professores alfabetizadores

O último painel do evento tratou da formação de professores. Com mediação de Silvia Lima, especialista em desenvolvimento de educadores e Gerente de Advocacy do Instituto Ayrton Senna, o painel contou com os secretários de Educação Juliana Roshner, de Vitória (ES), e Roni Miranda, do Paraná. “Os professores são os principais influenciadores do gosto pela leitura e das escolhas literárias das crianças - um impacto que pode durar toda a vida. Por isso, a leitura precisa estar no centro da formação desses profissionais, como hábito, prazer e instrumento pedagógico”, disse Lima. Prova disso é que 53% dos leitores em processo de alfabetização leram o último livro por indicação de um professor, superando os pais nessa função.

O evento terminou com uma fala inspiradora de quem está fazendo a diferente no dia a dia das salas de aula: “Ler é fazer morada no mundo. E o professor leitor forma mais que leitores, foram sujeitos e cidadãos”, disse Helder Guasti, eleito Educador do Ano pelo Prêmio Educador Nota, 10 em 2024. O professor ainda faz uma provocação a todos: “Que leitura a sua docência tem oferecido ao mundo?”

Sobre o Instituto Ayrton Senna

Fruto do sonho do tricampeão mundial de Fórmula 1, o Instituto Ayrton Senna é um centro de inovação que busca acelerar a qualidade da educação pública no país. Fazemos isso por meio de pesquisa e inovação, implementação de programas educacionais e contribuição com políticas públicas. Realizamos parcerias com redes de ensino públicas em todo o Brasil para promover alfabetização, melhoria da aprendizagem, desenvolvimento das habilidades socioemocionais e gestão educacional. Em todos eles, trabalhamos com diagnósticos, formação de educadores e gestores, estabelecimento de metas, monitoramento de indicadores e oferecendo ferramentas e materiais educacionais para serem utilizados em sala de aula. Ao longo de nossa atuação, o Instituto já realizou mais de 39 milhões de atendimentos a crianças e jovens em cerca de 3 mil municípios. Diante dos desafios socioambientais de hoje, acreditamos que transformar vidas por meio da educação seja um caminho essencial para a construção de um país mais justo e um futuro mais sustentável para todos e todas.

O Ministério da Cultura apresenta o projeto Alfabetização Integral em Apoio ao Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, o qual é viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura, através do patrocínio da Guaraná Antarctica e Alurastart, e à realização do Instituto Ayrton Senna, Ministério da Cultura e Governo Federal União e Reconstrução.
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