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O baiano mais icônico do rock brasileiro segue sendo cultuado até hoje e diversas são as celebrações em torno da data no Brasil
Neste 28 de junho, a maior lenda do rock brasileiro faria 80 anos de idade. O baiano Raul Seixas, figura mítica da Música Popular Brasileira, segue até os dias de hoje sendo cultuado, seja pela genialidade e originalidade de sua obra, seja pela irreverência e rebeldia marcantes de sua persona artística.
Em uma trajetória que contabiliza 17 álbuns de estúdio e um sem fim de sucessos – “Metamorfose Ambulante”, “Tente Outra Vez”, “Maluco Beleza”, “Gîta” são alguns – , Raul notabilizou-se por misturar rock’n’roll com baião, Elvis com Gonzagão, e por trazer em suas músicas contestações e críticas sociais e temas filosóficos e místicos, de forma popular.
Após quase 36 anos de sua morte – Raul faleceu em 21 agosto de 1989, aos 44 anos, em decorrência de uma pancreatite crônica e hipoglicemia –, seu legado segue influenciando gerações e exercendo um fascínio quase que messiânico entre fãs de todo o Brasil.
Raul, o mito
Desde os primeiros acordes e o primeiro disco, como Raulzito e Os Panteras, em sua fase Jovem Guarda, passando pela ascensão do mito com “Let Me Sing”, no Festival Internacional da Canção de 1972, chegando à prolífica e exitosa parceria com Paulo Coelho, à criação da Sociedade Alternativa, a trajetória de Raul é marcada por uma identificação dos mais diferentes públicos, da dona de casa ao “hipponga de plantão”.
“Raul Seixas concentrou, como raros artistas nacionais da música, a dupla capacidade de ser um criador de hits e também um pensador popular, um artesão de temas existenciais, filosóficos”, diz o jornalista Jotabê Medeiros, autor da biografia “Raul Seixas: Não diga que a canção está perdida” (2019).
“Ele conseguiu compor canções que têm trânsito fácil tanto entre quem ama Bob Dylan ou Leonard Cohen quanto quem ama sofrência e axé music. Atingiu uma transversalidade incomum na cultura pop”, completa.
“O próprio Raul se considerava um ator que fingia ser cantor; a sua imagem, as histórias de um passado que ele muitas vezes inventava, tudo isso era calculado para chegar ao público da maneira mais atraente possível”, considera o jornalista e pesquisador Rogério Medeiros, autor de “Eu sou, eu fui, eu vou: uma biografia de Raul Seixas”, lançada este ano.
"E a experiência que ele teve como produtor e compositor de artistas como Jerry Adriani, Diana e Renato e Seus Blue Caps também o ajudou a desenvolver uma fórmula de canção que era de fácil consumo mas também tinha outras camadas que faziam as pessoas pararem e pensarem no que exatamente ele queria dizer. E isso perdura com as novas gerações", continua Rogério.
Elvis Rock Club
Para começar a entender Raul Seixas, tem de conhecer a sua “gênese”. Desde criança, o pequeno Raul era vidrado em Elvis Presley e rock’n’roll, que era uma expressão musical novíssima nos anos 1950.
Foi com 14 anos que Raul, junto a outros amigos, fundou, em Salvador, o Elvis Rock Club, que se dedicava a acompanhar a carreira do astro norte-americano. Futuramente, alguns integrantes do club (Eládio Gilbraz, Mariano Lanat e Carleba) e Raul se juntariam, formando a banda Raulzito e Os Panteras, que lançaram o primeiro e único álbum em 1968.
Produtor na CBS
Antes de se lançar como artista, Raul foi funcionário da gravadora CBS, onde trabalhou como produtor musical. Durante esse período, produziu álbuns e compôs para artistas como Jerry Adriani, Diana, Odair José, Renato & Seus Blue Caps. Canções como “Doce Doce Amor” (Jerry Adriani), “Ainda Queima a Esperança” (Diana) são de autoria de Raul.
Ainda como produtor da CBS, Raul se juntou a Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star e gravaram, juntos, o álbum “Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta: Sessão das 10” (1971), considerado um dos discos mais anárquicos da Música Brasileira, tendo sido recolhido das lojas três meses após seu lançamento, por determinação da própria CBS.
Festival Internacional da Canção
Em 1972, Raul Seixas desponta nacionalmente como cantor e compositor, ao se apresentar no VII Festival Internacional da Canção. O baiano, trajado de jaqueta de couro (a la Elvis Presley), em uma performance inovadora, cantou a música “Let Me Sing”, uma mistura de rock com baião, que chamou a atenção de quem assistiu.
Pouco tempo depois, Raul assinaria contrato com a Philips, e em 1973, lançaria o seu primeiro álbum solo, “Krig-Há, Bandolo!, que seria antecipado por “Ouro de Tolo”.
Paulo Coelho e Sociedade Alternativa
Do primeiro álbum, “Krig-Há, Bandolo!” (1973), até “Há Dez Mil Anos Atrás” (1976), a maioria dos sucessos de Raul são em parceria com o escritor Paulo Coelho. A dupla é responsável por canções como “Al Capone”, “Gîta”, “Medo da Chuva”, “Tente Outra Vez”, “A Maçã”, “Sociedade Alternativa”.
Nesse período de parceria com Paulo Coelho, tanto o escritor quanto Raul se envolveram com conhecimentos esotéricos e o Ocultismo, chegando a fazer alusões à figura de Aleister Crowley, notório ocultista britânico, criador da doutrina Thelema.
É desse envolvimento, e baseados na Lei de Thelema – cuja ideia central se resume na frase "Faze o que tu queres, há de ser o todo da Lei" –, que surge a ideia da Sociedade Alternativa, amplamente explorada por Raul.
Casamentos e filhas
Raul Seixas foi casado cinco vezes e teve três filhas. A primeira esposa, Edith Wisner, ficou com o baiano de 1967 a 1974, e se recusa a fazer declarações sobre o artista.
Posteriormente, Raul casou-se com Glória Vaquer (irmã de um de seus guitarristas, Jay Vaquer), de 1975 a 1978; com Tânia Menna Barreto, com quem ficou durante 1979; com Ângela Affonso Costa (Kika Seixas, que, atualmente, administra o espólio artístico do baiano), de 1980 a 1985; e com Lena Coutinho, de 1985 a 1988.
As três filhas de Raul são Simone Vannoy (com Edith Wisner), Scarlet Seixas (com Glória Vaquer) e Vivian Seixas (com Kika). As duas mais velhas moram nos Estados Unidos.
Raul, as celebrações
Neste ano de celebrações às oito décadas de nascimento de Raul, diversas são as atividades em torno da data, previstas até o final de 2025.
Hoje, no Recife, os cantores Juvenil Silva e Seu Pereira se encontram no show “Minha Maluquice Misturada com Minha Lucidez”, a partir das 20h, no Terra, para desfiar o cancioneiro do Maluco Beleza.
Já no Rio de Janeiro, o show “Baú do Raul - Especial 80 Anos” reunirá nomes como Frejat, Paulinho Moska, Ana Cañas, BNegão, Vivian Seixas (DJ e filha caçula de Raul), no Circo Voador.
No streaming, um pouco da trajetória de Raul pode ser vista na série “Raul Seixas: Eu Sou”, que estreou, na última quarta (25), na Globoplay, com o ator Ravel Andrade na pele do roqueiro baiano.
No próximo dia 11 de julho, o Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, recebe a exposição inédita “Baú do Raul”, que traz itens pessoais do artista, como o primeiro violão, letras manuscritas, etc.
Para o fim de julho, está previsto um EP produzido por Rodrigo Suricato, com artistas – Ana Cañas, BNegão, Maneva, Chico Chico, etc – interpretando canções de Raul. E no fim do ano deve estrear “Raul Seixas: Uma Ópera Rock Brasiliana”, com produção musical de Russo Passapusso e direção artística de Batman Zavareze.
Discografia de Raul Seixas
- álbuns de estúdio -
“Raulzito e Os Panteras” (1968)
“Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta: Sessão das 10” (1971)
com Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star
“Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock” (1973)
assinado como banda Rock Generation
“Krig-Há, Bandolo!” (1973)
“Gîta” (1974)
“Novo Aeon” (1975)
“Há 10 Mil Anos Atrás” (1976)
“Raul Rock Seixas” (1977)
“O Dia em que a Terra Parou” (1977)
“Mata Virgem” (1978)
“Por Quem os Sinos Dobram” (1979)
“Abre-te, Sésamo” (1980)
“Raul Seixas” (1983)
“Metrô Linha 743” (1984)
“Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!” (1987)
“A Pedra do Gênese” (1988)
“A Panela do Diabo” (1989)
com Marcelo Nova
Em uma trajetória que contabiliza 17 álbuns de estúdio e um sem fim de sucessos – “Metamorfose Ambulante”, “Tente Outra Vez”, “Maluco Beleza”, “Gîta” são alguns – , Raul notabilizou-se por misturar rock’n’roll com baião, Elvis com Gonzagão, e por trazer em suas músicas contestações e críticas sociais e temas filosóficos e místicos, de forma popular.
Após quase 36 anos de sua morte – Raul faleceu em 21 agosto de 1989, aos 44 anos, em decorrência de uma pancreatite crônica e hipoglicemia –, seu legado segue influenciando gerações e exercendo um fascínio quase que messiânico entre fãs de todo o Brasil.
Raul, o mito
Desde os primeiros acordes e o primeiro disco, como Raulzito e Os Panteras, em sua fase Jovem Guarda, passando pela ascensão do mito com “Let Me Sing”, no Festival Internacional da Canção de 1972, chegando à prolífica e exitosa parceria com Paulo Coelho, à criação da Sociedade Alternativa, a trajetória de Raul é marcada por uma identificação dos mais diferentes públicos, da dona de casa ao “hipponga de plantão”.
“Raul Seixas concentrou, como raros artistas nacionais da música, a dupla capacidade de ser um criador de hits e também um pensador popular, um artesão de temas existenciais, filosóficos”, diz o jornalista Jotabê Medeiros, autor da biografia “Raul Seixas: Não diga que a canção está perdida” (2019).
“Ele conseguiu compor canções que têm trânsito fácil tanto entre quem ama Bob Dylan ou Leonard Cohen quanto quem ama sofrência e axé music. Atingiu uma transversalidade incomum na cultura pop”, completa.
“O próprio Raul se considerava um ator que fingia ser cantor; a sua imagem, as histórias de um passado que ele muitas vezes inventava, tudo isso era calculado para chegar ao público da maneira mais atraente possível”, considera o jornalista e pesquisador Rogério Medeiros, autor de “Eu sou, eu fui, eu vou: uma biografia de Raul Seixas”, lançada este ano.
"E a experiência que ele teve como produtor e compositor de artistas como Jerry Adriani, Diana e Renato e Seus Blue Caps também o ajudou a desenvolver uma fórmula de canção que era de fácil consumo mas também tinha outras camadas que faziam as pessoas pararem e pensarem no que exatamente ele queria dizer. E isso perdura com as novas gerações", continua Rogério.
Elvis Rock Club
Para começar a entender Raul Seixas, tem de conhecer a sua “gênese”. Desde criança, o pequeno Raul era vidrado em Elvis Presley e rock’n’roll, que era uma expressão musical novíssima nos anos 1950.
Foi com 14 anos que Raul, junto a outros amigos, fundou, em Salvador, o Elvis Rock Club, que se dedicava a acompanhar a carreira do astro norte-americano. Futuramente, alguns integrantes do club (Eládio Gilbraz, Mariano Lanat e Carleba) e Raul se juntariam, formando a banda Raulzito e Os Panteras, que lançaram o primeiro e único álbum em 1968.
Produtor na CBS
Antes de se lançar como artista, Raul foi funcionário da gravadora CBS, onde trabalhou como produtor musical. Durante esse período, produziu álbuns e compôs para artistas como Jerry Adriani, Diana, Odair José, Renato & Seus Blue Caps. Canções como “Doce Doce Amor” (Jerry Adriani), “Ainda Queima a Esperança” (Diana) são de autoria de Raul.
Ainda como produtor da CBS, Raul se juntou a Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star e gravaram, juntos, o álbum “Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta: Sessão das 10” (1971), considerado um dos discos mais anárquicos da Música Brasileira, tendo sido recolhido das lojas três meses após seu lançamento, por determinação da própria CBS.
Festival Internacional da Canção
Em 1972, Raul Seixas desponta nacionalmente como cantor e compositor, ao se apresentar no VII Festival Internacional da Canção. O baiano, trajado de jaqueta de couro (a la Elvis Presley), em uma performance inovadora, cantou a música “Let Me Sing”, uma mistura de rock com baião, que chamou a atenção de quem assistiu.
Pouco tempo depois, Raul assinaria contrato com a Philips, e em 1973, lançaria o seu primeiro álbum solo, “Krig-Há, Bandolo!, que seria antecipado por “Ouro de Tolo”.
Paulo Coelho e Sociedade Alternativa
Do primeiro álbum, “Krig-Há, Bandolo!” (1973), até “Há Dez Mil Anos Atrás” (1976), a maioria dos sucessos de Raul são em parceria com o escritor Paulo Coelho. A dupla é responsável por canções como “Al Capone”, “Gîta”, “Medo da Chuva”, “Tente Outra Vez”, “A Maçã”, “Sociedade Alternativa”.
Nesse período de parceria com Paulo Coelho, tanto o escritor quanto Raul se envolveram com conhecimentos esotéricos e o Ocultismo, chegando a fazer alusões à figura de Aleister Crowley, notório ocultista britânico, criador da doutrina Thelema.
É desse envolvimento, e baseados na Lei de Thelema – cuja ideia central se resume na frase "Faze o que tu queres, há de ser o todo da Lei" –, que surge a ideia da Sociedade Alternativa, amplamente explorada por Raul.
Casamentos e filhas
Raul Seixas foi casado cinco vezes e teve três filhas. A primeira esposa, Edith Wisner, ficou com o baiano de 1967 a 1974, e se recusa a fazer declarações sobre o artista.
Posteriormente, Raul casou-se com Glória Vaquer (irmã de um de seus guitarristas, Jay Vaquer), de 1975 a 1978; com Tânia Menna Barreto, com quem ficou durante 1979; com Ângela Affonso Costa (Kika Seixas, que, atualmente, administra o espólio artístico do baiano), de 1980 a 1985; e com Lena Coutinho, de 1985 a 1988.
As três filhas de Raul são Simone Vannoy (com Edith Wisner), Scarlet Seixas (com Glória Vaquer) e Vivian Seixas (com Kika). As duas mais velhas moram nos Estados Unidos.
Raul, as celebrações
Neste ano de celebrações às oito décadas de nascimento de Raul, diversas são as atividades em torno da data, previstas até o final de 2025.
Hoje, no Recife, os cantores Juvenil Silva e Seu Pereira se encontram no show “Minha Maluquice Misturada com Minha Lucidez”, a partir das 20h, no Terra, para desfiar o cancioneiro do Maluco Beleza.
Já no Rio de Janeiro, o show “Baú do Raul - Especial 80 Anos” reunirá nomes como Frejat, Paulinho Moska, Ana Cañas, BNegão, Vivian Seixas (DJ e filha caçula de Raul), no Circo Voador.
No streaming, um pouco da trajetória de Raul pode ser vista na série “Raul Seixas: Eu Sou”, que estreou, na última quarta (25), na Globoplay, com o ator Ravel Andrade na pele do roqueiro baiano.
No próximo dia 11 de julho, o Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, recebe a exposição inédita “Baú do Raul”, que traz itens pessoais do artista, como o primeiro violão, letras manuscritas, etc.
Para o fim de julho, está previsto um EP produzido por Rodrigo Suricato, com artistas – Ana Cañas, BNegão, Maneva, Chico Chico, etc – interpretando canções de Raul. E no fim do ano deve estrear “Raul Seixas: Uma Ópera Rock Brasiliana”, com produção musical de Russo Passapusso e direção artística de Batman Zavareze.
Discografia de Raul Seixas
- álbuns de estúdio -
“Raulzito e Os Panteras” (1968)
“Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta: Sessão das 10” (1971)
com Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star
“Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock” (1973)
assinado como banda Rock Generation
“Krig-Há, Bandolo!” (1973)
“Gîta” (1974)
“Novo Aeon” (1975)
“Há 10 Mil Anos Atrás” (1976)
“Raul Rock Seixas” (1977)
“O Dia em que a Terra Parou” (1977)
“Mata Virgem” (1978)
“Por Quem os Sinos Dobram” (1979)
“Abre-te, Sésamo” (1980)
“Raul Seixas” (1983)
“Metrô Linha 743” (1984)
“Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!” (1987)
“A Pedra do Gênese” (1988)
“A Panela do Diabo” (1989)
com Marcelo Nova
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